Quem poderia imaginar que, em pleno 2020, museus, centros culturais, galerias e cinemas espalhados pelo mundo todo estariam fechando suas portas por tempo indeterminado? A pandemia e o isolamento social são uma realidade neste momento, mas felizmente vivemos na era da tecnologia e este está sendo um período inédito no que diz respeito ao acesso ao universo da arte e cultura: as visitas aos museus e centros culturais agora acontecem pela internet; artistas brasileiros, escritores, curadores e especialistas estão mais presentes em “lives”, bate-papos e conversas informais; cursos pagos e gratuitos também estão surgindo a todo instante.
Foi pensando no contexto do isolamento social e nos artistas que não estão tendo a oportunidade de divulgar seus trabalhos como de costume, que a paulistana Luiza Adas teve a ideia de criar o primeiro Museu do Isolamento Brasileiro.
Formada em Relações Públicas, Lu é produtora de conteúdo e gerencia a página “FlorindoLinhas”, que tem como objetivo democratizar informações sobre arte e cultura. Acostumada a divulgar shows, eventos e, principalmente, exposições de galerias e museus, que acontecem na cidade de São Paulo, a autora do projeto decidiu criar o próprio museu, buscando contribuir à sua maneira com o ecossistema das artes durante este período. “A ideia também foi fruto da minha análise, do que estava acontecendo no momento, no mundo das artes. Eu vi o “Covid Art Museum” e também conversei com artistas brasileiros que estavam sofrendo neste período de isolamento, que não sabiam como divulgar suas artes.” explica Luiza.

Nesse sentido, o projeto surge também como uma maneira de dar voz num momento em que a voz pode ser ainda mais ofuscada, “se a arte no Brasil já era algo não tão valorizado, nesse momento corria o risco de ser ainda mais invisibilizado”, acrescenta. Para ela, a ideia do museu também surge como forma de respiro em meio à pandemia, uma maneira de desviar um pouco do bombardeio de notícias ruins que temos recebido diariamente.
O primeiro post feito no dia 30 de abril, a página no instagram já conta com mais de dez mil seguidores, uma repercussão melhor do que o esperado, segundo Luiza. Além disso, ela diz se sentir muito feliz com o feedback que vêm recebendo. “Eu já recebi muitas pessoas falando que conseguiram novos públicos, novos seguidores, conseguiram mais visibilidade nas suas lutas e é muito gratificante saber que de alguma forma eu posso colaborar para que estes artistas tenham um pouco mais de visibilidade.” Além dos artistas, ela conta que têm chegado muitas mensagens de seguidores em geral, contando que estavam se sentindo ansiosos, estavam mal e leram um post ou viram imagens que os fizeram se sentir melhor. “Sinto que a minha missão está cumprida em relação a esse objetivo idealizado pelo museu”, conclui.
Os trabalhos postados não seguem um critério rígido de seleção, mas a ideia é dar espaço para a diversidade de forma geral, ou seja, publicar artistas de diferentes regiões do país e trabalhos com temáticas e linguagens variadas. Há também a tentativa de priorizar aqueles que dependem da arte para viver, mas não é uma regra.
E depois da pandemia, o Museu do Isolamento Brasileiro continuará existindo? Segundo a Luiza, sim! A plataforma é, antes de tudo, um espaço para divulgar artistas e suas obras, artistas brasileiros que muitas vezes não conseguem expor seus trabalhos em museus e galerias.
“O objetivo no nosso museu não é exclusivamente falar sobre arte na pandemia e sim sobre arte. Queremos continuar o projeto depois disso, para ajudar estes artistas a sempre terem um lugar de fala, um lugar de visibilidade para eles conseguirem mostrar seus trabalhos”, pontua.
E pra você, a arte tem sido importante neste período de isolamento?
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