“Você não sente, não vê, mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo, que uma nova mudança, em breve, vai acontecer. E o que algum tempo era novo, jovem, hoje é antigo”. O verso, é da canção “Velha Roupa Colorida” do músico e compositor brasileiro Belchior. Palavras que se adequam bem a nossa atualidade, já que os dias como conhecíamos já não existem mais e as incertezas são frequentes, em meio à crise que atinge o mundo e ninguém sabe ao certo o que vai acontecer em um futuro próximo.
Acima de tudo, as frases de Belchior podem te inspirar e lembrar sobre a importância de aproveitar o presente.
A música dos anos 70, se encaixa bem a atualidade. Aliás, o que não faltam são trechos de músicas do artista que se encaixam na rotina de uma quarentena e nos convida a pensar sobre a vida, ao mesmo tempo que traz inspiração e alento.
Músico, com traços de poeta, Belchior falava da realidade de maneira direta e ao mesmo tempo suave, compartilhando ideia e versos que dão estimulo em tempos incertos.
No entanto, a música que abre esse artigo, faz arte do álbum “Alucinação”, que traz as principais canções do cearense, que era antes de tudo um poeta. As frases se tornam tão atuais quanto a realidade em que vivemos, “Passado é uma roupa que não nos veste mais”, agora temos que inquietos esperar pelo o que virá, afinal “O novo sempre vem”.

sAIBA QUEM FOI um dos músicos mais emblemáticos do Brasil?
Antônio Carlos Gomes Belchior, mais conhecido apenas como Belchior, era cearense e foi um dos primeiros cantores de Música Popular Brasileira do nordeste a fazer sucesso internacional. Em 1971, Belchior começou a ser notado nacionalmente ao vencer o IV Festival Universitário da MPB, promovido pela extinta TV Tupi, com a música “Na hora do almoço”. Em outras palavras, a canção de Belchior, arriscadamente deixava claro que ele não era do time dos contentes, principalmente no período em o país vivia a sombra da ditadura militar.
As letras das canções, que revelam nas frases de Belchior uma sólida formação intelectual, trazem fragmentos de poetas e romancistas brasileiros e estrangeiros, por exemplo, a Divina Comédia, de Dante Alighieri, e Comédia Humana, de Honoré de Balzac, entre outros.
Até os artistas que o acompanharam não resistiam as letras carregadas de genialidade. Elis Regina, por exemplo, gravou várias músicas escritas por Belchior, entre elas “Como Nossos País” e “Mucuripe”. Outros diversos artistas fizeram questão de gravar músicas de Belchior como: Elba Ramanho, Zé Ramalho, Fagner, Jair Rodrigues e até Engenheiro do Hawai e recentemente Emicida, Maju e Pabllo Vittar gravaram “Sujeito de Sorte”.
Seu álbum Alucinação, de 1976, produzido por Marco Mazzola, é considerado por vários críticos como o mais revolucionário da história da MPB e um dos mais importantes de todos os tempos para a música brasileira. Consequentemente, em 2012, Belchior apareceu na posição 58 da lista “As 100 Maiores Vozes da Música Brasileira” pela Rolling Stone Brasil. O álbum vendeu 30 mil cópias em apenas um mês. No total, conclusão depois disso, foi que o álbum vendeu mais de 500 mil cópias, consagrando-o como um ídolo de massa.
O artista fez muito sucesso com canções únicas, mas a fama já não era importante e ele acabou abandonando a carreira. Belchior, morreu em 30 de abril de 2017, aos 70 anos, na cidade de Santa Cruz do Sul, (RS). Ano passado, o cantor e compositor foi homenageado com uma estátua em tamanho real em sua cidade natal, Sobral, no Norte do Ceará. Feita de bronze, a escultura retrata o artista cantando com um violão nas mãos, sentado em um banco em uma praça da cidade.
Ele se foi e seu legado ficou através da música que ainda conquista diferentes gerações e traz inspiração e alento, para dias tão incertos.
Leia também: TEDx Brasil: Cinco palestras inspiradoras para ter mais positividade no dia a dia.
